segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Amor de verão

Eu me ajoelho e tento ver além do mar.
Já é tarde e perigoso, mas não posso mais voltar
e para onde vou ainda é uma incógnita.
Mas a praia onde descanso é uma inóspita
fenda entre duas rochas.

E nela encontro, ao suspirar,
uma curiosa concha na onda a bailar.
Cutuco, bato forte e em minhas mãos a detenho,
tento abrir sua casca com tanto empenho
que não viso parar.

Já é tarde e perigoso, mas não posso mais voltar.
Talvez eu siga uma estrela cadente,
talvez eu siga uma estrela-do-mar.
A concha não se abre e fere minhas mãos
enquanto meu incerto futuro desabrocha.
Não quero mais tentar abri-la em vão.

E uma pequena gaivota vem me mostrar
que ainda há um longo caminho para caminhar.
Tanto faz se é para lá ou para cá.
O dia já vai indo!
Foi lindo, foi lindo...
Mas não quero mais ficar.
Sigo a gaivota e talvez ela vá decifrar
que a concha não havia de se romper
assim como certas coisas não hão de acontecer.

E a praia vai findando.
A concha apenas na memória ficando.
Porque eu escolhi seguir minha liberdade
branca como a neve que eu já vejo chegar...

2 comentários:

  1. A concha não cedeu? Era o medo do que viria? Abrí-la seria a morte, mas mesmo assim...valeria a pena...agora ela é só uma concha qualquer perdida no mar...

    ResponderExcluir
  2. O futuro, incerto sempre será
    mesmo com medo e a concha ali ficar
    pode vir de um dia sua vida mudar
    Mesmo ainda concha alguém pode lhe achar
    E com vontade, paciência e dedicação
    um belo colar, a concha, ir enfeitar
    pois mesmo ali parada e fechada
    os raios de sol chega com a maré
    uma pérola, por dentro, essa concha é.

    ResponderExcluir